Conquistas Passos Mágicos
em 2022

Por Nathalia Barboza

Nova unidade da Passos no Centro é a nossa casa, com a nossa cara

 

“É uma conquista imensa, inacreditável.” Com essa reação, a fundadora e coordenadora pedagógica da Passos Mágicos, Michelle Ivanoff, descreve a primeira sede fixa e exclusiva da Associação no Centro de Embu-Guaçu.

A nova unidade fica na mesma rua da Rede Decisão e está pronta, após quase um ano de reformas e ampliações. “É muito gostosa a sensação de ter o nosso espaço, de entrar em ambientes tão lindos, tudo feito do nosso jeito, com muito carinho”, admite ela.

A unidade do Centro sempre foi muito importante para nós, embora até agora fosse a única que não tinha um lugar só seu. O número de alunos da unidade (334, distribuídos em 38 turmas) representa praticamente um terço do total de crianças atendidas atualmente pela Passos (1.027). “Nunca tivemos um espaço totalmente nosso para receber as crianças. Dependíamos do contraturno para usar salas vazias de escolas da região. No início da Passos, utilizamos igrejas e, até o ano passado, escolas parceiras e públicas, como Alexandre Rodrigues Nogueira, Paschoal Carlos Magno e Rede Decisão, esta última que acolhe os nossos bolsistas”, lembra Michelle.

Curiosamente, o olhar visionário desta vez, que lançou a ideia de ter um espaço exclusivo e amplo no Centro, não partiu do casal de fundadores. Sinal de amadurecimento da Associação, a ideia veio de um dos seus obstinados colaboradores. Assumidamente “interessado por engenharia civil e arquitetura”, Josiel Almeida, o “Professor Joe”foi o primeiro a vislumbrar o potencial do imóvel que havia sido reservado no Centro para as nossas atividades.

Nos meses iniciais de ocupação, ainda em 2022, ficou claro que o imóvel era pequeno demais – tinha espaço apenas para duas salas de aula, mas o endereço era excelente. A reforma com ampliação seria a solução perfeita. Professor de matemática e um dos educadores mais amados pelos alunos e responsáveis da Passos, Joe já havia ajudado na construção da sala cibernética (com computadores) e, desta vez, esteve envolvido em todo o projeto, desde a apresentação da ideia ao casal Dimitri e Michelle até os rascunhos das plantas e o gerenciando dos trabalhos.

“Todo o projeto tinha como objetivo ser executado a um custo baixo” conta ele. Por isso muito do insumo de obra foi fruto de doações, assim como o mobiliário. A maioria do material, das janelas, portas e louças sanitárias a luminárias e até canaletas de eletricidade, é de segunda mão, adquirido em loja de usados. “Tudo de muita qualidade”, pondera Joe, que demostra um entusiasmo extra com a porta de entrada: “é linda, gigante”.

Além de pagar menos, a Passos abraçou o conceito de reaproveitar insumos. No entanto, mais do que ter uma pegada sustentável, o imóvel sede que surgiu da obra promete contribuir para reafirmar um dos fundamentos da Psicologia tão caros à Passos: oferecer um ambiente acolhedor, tranquilo e pacífico.

 

Esforço de todos

 

A sensação de ter uma casa para chamar de sua contagiou a comunidade Passos Mágicos. Pais e mães de alunos até de outras unidades ajudaram voluntariamente na obra.

Eduardo Dias de Souza exprime bem esse sentimento de solidariedade. O filho Vitor estuda na unidade Cipó, mas Eduardo veio ajudar a aplicar a manta asfáltica no novo telhado. “É um prazer enorme. O mínimo que devemos ter é gratidão pelo que é feito pelos nossos filhos”, afirma. “A unidade do Centro é maravilhosa; o espaço, a localização. É a continuação de um projeto maravilhoso, com uma unidade que traz muito mais segurança para todo mundo. As condições de ensino devem ser bem melhores agora, nesse novo espaço”, completa.

Antes da reforma, o imóvel dispunha de 135 m² úteis dispostos em um terreno de 698 m². Depois da intervenção, a casa passou a ter 563 m² de área construída. No total, a nova unidade oferece seis novíssimas salas de aula, duas salas da Psicologia e uma ampla biblioteca. A sala maior, de alfabetização, dispõe de lousa, carteiras e uma brinquedoteca. Outra sala comporta mais de 30 alunos; as demais podem receber de 18 a 20 crianças. Há ainda um ambiente à disposição da administração, banheiros (um de uso especial), copa e um pátio amplo, coberto, mas aberto, com área ajardinada.

Vitória coletiva

Como tem sido corriqueiro nas iniciativas da Passos, mais uma vez, pais, mães, parentes e amigos doaram tempo e mão de obra. Pedreiros foram contratados para subir paredes, mas toda a parte elétrica contou com a doação de trabalho e disposição de quatro pais dos alunos. “É emocionante. A gente percebe a emoção e a alegria dessa gente em colaborar. Tem muito amor e carinho envolvido”, diz Joe.

“Eu adorei a nova unidade, principalmente a sala grande, que dá um ar de ‘sala de faculdade’ para a unidade. Claro, também adorei cada cantinho da unidade que foi pensado com muito carinho”, revela João Victor Oliveira Pimenta de Souza, ex-aluno e, agora, colaborador e doador que ajudou a botar a mão na massa.

Poder ajudar a construir a unidade, conta, “é um mix de sentimentos… de vitória, de conforto… um sentimento de que você obteve uma grande conquista para si, mas o legal é que essa conquista não é apenas para você, mas de todos da Passos”.

João Victor tem dois primos que frequentam as aulas da Passos Mágicos. Segundo ele, a localização da nova unidade é um grande trunfo. “Facilita muita para os jovens que não possuem muitos recursos para o transporte”, afirma.

Com tantas vantagens, a unidade no Centro se tornará ainda em 2023 no endereço oficial da Associação Passos Mágicos. Desde já, a casa já tem a cara e o espírito agregador da Passos. Que o digam seus pilares e o contorno das portas, pintados com as “cores oficiais” azul, vermelho e laranja.

Conheça a
Família Mágica

Julie Lara tem 18 anos e é bolsista do 2º ano de Jornalismo na ESPM. Apesar de tão jovem, já é professora de inglês da Passos Mágicos.

Como conheceu a Passos?

Minha mãe era coordenadora de uma escola em Embu-Guaçu e conheci muitos alunos que ela mesma indicava. Sempre via a Passos como sendo somente para quem precisava. Mas, no 1º ano do Ensino Médio, algumas amigas entraram e um amigo me chamou. Gostei, me inscrevi e fiz a prova.

O que te motiva a trabalhar na ONG?

Sou a primeira aluna e professora da Passos. Comecei neste ano a dar aulas. É muito bom quando você já é de um lugar, vê como é legal o que o professor faz e tem a oportunidade de contribuir com a visão positiva de um aluno que atingiu seus objetivos.

Qual o principal diferencial da Passos? 

A equipe de psicólogas. Elas perceberam que eu não estava bem de saúde, alertaram a minha mãe e deram muita força a ela enquanto eu e meu pai estávamos internados. Elas também me ajudaram a retornar aos poucos.

Como a ONG contribui para o crescimento pessoal? 

Sempre gostei de Fotografia, e fiz o cursinho da Passos com a FIAP. Descobri na Passos o Jornalismo, na feira de profissões. Tive apoio, consegui a bolsa na ESPM e fui me descobrindo na profissão.

Como você imagina a Associação em 10 anos?

Será uma instituição ainda maior e vai atender mais alunos das cidades vizinhas.

Qual sua indicação de obra literária ou audiovisual?

Gosto de vidas, não só de números. Curto muito escrita não-ficcional, por isso indico Hiroshima, de John Hersey (Cia. das Letras), um livro-reportagem que traz as histórias de pessoas que estavam lá quando as bombas caíram.

Uma frase que goste

“Mantenha sua mente nova porque o velho nunca acha que a gente precisa de mais conhecimento.”